terça-feira, 13 de outubro de 2009

Identidade

Não quero mais saber de coisas obsoletas,

ultrapassadas pelos seus sentidos próprios,

de uma falsa eternidade que envergonha.

Cansei de idiossincrasias de moleque.

Peripécias pueris de quem brinca de roda...

E de tanto rodar-se afoga os versos num mar amarelo.

Hoje acordei como quem acorda de um coma prolongado.

Acordei alheia a tudo que julgava meu.

Sem saber que o tempo passou enquanto eu dormia,

sem reconhecer as pessoas que continuaram acordadas,

procurando o que o passado já tinha consumido.

E quando levantei me assustei.

Mudaram a decoração de minha casa.

Queimaram os moveis que eu amava.

Pintaram todas as paredes.

Jogaram fora meus livros.

Mudaram minhas roupas.

Deixando uma conta absurda sobre o criado mudo.

E muda não disse nada.

Olhando-me no espelho, não me reconheci pelo nome.

Não identifiquei as marcas do passado,

não encontrei o brilho que tinha no olhar.

Agora preciso de algo novo e meu,

nem que seja só um espelho.

Algo que me ajude a encontrar meu mundo...

Que pode estar debaixo de um altar

ou embaralhado num tarô wicca.

E não sei mais o cainho de volta.