Não quero mais saber de coisas obsoletas,
ultrapassadas pelos seus sentidos próprios,
de uma falsa eternidade que envergonha.
Cansei de idiossincrasias de moleque.
Peripécias pueris de quem brinca de roda...
E de tanto rodar-se afoga os versos num mar amarelo.
Hoje acordei como quem acorda de um coma prolongado.
Acordei alheia a tudo que julgava meu.
Sem saber que o tempo passou enquanto eu dormia,
sem reconhecer as pessoas que continuaram acordadas,
procurando o que o passado já tinha consumido.
E quando levantei me assustei.
Mudaram a decoração de minha casa.
Queimaram os moveis que eu amava.
Pintaram todas as paredes.
Jogaram fora meus livros.
Mudaram minhas roupas.
Deixando uma conta absurda sobre o criado mudo.
E muda não disse nada.
Olhando-me no espelho, não me reconheci pelo nome.
Não identifiquei as marcas do passado,
não encontrei o brilho que tinha no olhar.
Agora preciso de algo novo e meu,
nem que seja só um espelho.
Algo que me ajude a encontrar meu mundo...
Que pode estar debaixo de um altar
ou embaralhado num tarô wicca.
E não sei mais o cainho de volta.
